segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

QUEM EU SERIA SE EU NÃO FOSSE QUEM EU SOU?

Nossa, isso parece um daqueles questionamentos shakespeano do tipo "ser ou não ser", mas não é! Nunca tive essa dúvida, mas de vez em quando eu questiono sobre quem eu seria, ou, que tipo de vida teria, não fosse a que tenho agora. E isso tem uma razão. É claro que, do jeito que sou, não perco muito meu tempo com que esses questionamentos, eles passam rápido e vida que segue. O que me movem e sempre me moveram foram o meu otimismo e a minha fé em Deus.

Mas, hoje esse questionamento me veio outra vez. Isso porque, ontem depois de ter feito uma
faxina em casa junto com William, depois que o pintor acabou o trabalho dele, eu fiquei arrasada, cheia de dor pelo corpo. E, hoje, quando acordei pensei que não ia poder ir ao trabalho de tão cansada e dolorida que estava. Todo mundo se sentiria assim, é o que dizem, mas eu me questiono, se não seria diferente se eu não tivesse as limitações que tenho.

Mas mesmo assim fui trabalhar, não podia faltar. Mas voltei cedo pra casa, não aguentei ficar no trabalho, precisei voltar pra casa pra relaxar mais o corpo. Isso tudo porque extrapolei os meus limites físicos! Tenho artrite reumatóide desde os 4 anos de idade. E, desde então, tenho cuidado dessa doença, como quem cuida da própria vida.


Meu reumatologista atual diz que eu tive a doença numa época em que se conhecia muito pouco sobre a artrite reumatóide juvenil, e por causa disso, acabei sendo cobaia de vários tratamentos que embora melhorassem os sintomas, não evitavam as consequências: rigidez nas articulações e consequentemente a perda de movimentos, febre, inchaço e muita, muita dor. Hoje, a medicina nessa área evoluiu muito e, para quem começa ter os sintomas e se trata logo, ficará com poucas ou nenhuma sequela.

Daí que passei parte da minha infancia conhecendo todos os especialistas da época, e sendo a minha família muito pobre, não podia fazer muito mais do que era oferecido no servi
ço público da capital maranhense, onde nasci. Tive sorte em sobreviver.

A adolescencia não foi diferente, passou batida, pois só lembro de hospitais, enfermeiras e reumatologistas da cidade do Rio de Janeiro, onde vim morar com minha mãe, que tentava melhores condições de vida, na cidade grande. Apesar das dores continuei estudando, tentando levar uma vida normal. Foi só quando jovem, já na faculdade, que as coisas melhoraram um pouco e a doença retrocedeu, e tudo que tinha que fazer era "consertar" algumas sequelas. Como resultado, fiz uma cirurgia de prótese total bilateral de quadril aos 25 anos.

Depois disso, passei anos sem saber o que era dor. Estudei, fiz meu doutorado, passei em concurso público, viajei bastante, fiz minhas estripulias, fazendo trilhas, caminhadas e coisas que até Deus duvida. Até que, de repente, como um pesadelo tudo voltou, as dores, as limitações e os medos. E, então, há mais ou menos 3 anos voltei para a cortisona, pros remédios fortes, enjoados e, o que é pior, as dores incomodam e me limitam bastante. Mas estou bem, bem melhor.

E, é aí, quando sinto as limitações que as dores me causam, que me questiono, como teria sido a minha vida se eu não tivesse passado por nada disso?

Mas, não é nada que me impeça de continuar seguindo em frente. Porque apesar de tudo, eu fiz tudo que queria ter feito (quase tudo, é claro! Mas quem é que faz tudo que queria ter feito?). E, talvez tenha feito mais do que pensava que iria fazer. Meu amigos, minha família vivem brigando comigo porque vivo fazendo mais do que posso. Mas, eu sou assim, quando eu quero uma coisa eu corro atrás! Ainda que depois eu fique cheia de dores, como estou agora! rsrsrsrs


E, eu não sei que vida teria não fosse a tenho agora, mas apesar de tudo, gosto muito da que tenho! E como essa é única, vivo cada dia, como se fosse o último!


P.S. Meu reumatogista quer que eu compartilhe minhas experiencias para que outras pessoas com o mesmo problema
vejam o que são capazes de fazer, apesar limitações físicas causadas pela doença. Eis um pedacinho da minha história.

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