sábado, 28 de abril de 2018

Elegância, Strudel, Mozart... VIENA


Nunca a frase "se arrependimento matasse" fez tanto sentindo.  Duas noites em Viena não são suficientes nem para começar. Cidade limpa, chique, elegante, prédios majestosos, povo educado. Vontade de ter ficado muito mais tempo lá, vontade de voltar!



A chegada foi tumultuada. Chuva, vento, neve, frio, muito frio, mala pesada e um idioma muito, muito difícil.  Não pense que é fácil encontrar quem fale inglês por aí, em qualquer lugar. Mas, a viagem foi ótima. Saímos de Budapeste de trem, pela companhia ÖBB, austríaca, fazia muito frio e nevava.  Durante toda a viagem a paisagem foi branquinha de neve e já foi um passeio super agradável e divertido. Já tínhamos uma ideia do que encontraríamos em Viena.

Apesar do perrengue ao chegar, com neve e frio pra fazer qualquer carioca congelar, conseguimos chegar ao hotel.  Chovia, ventava e nevava. Acabamos pegando um táxi, apesar da distância não ser muito grande até o hotel.  


Em Viena ficamos no Wombat's City Hostels Vienna, no Naschmarkt, um mercado famoso perto. Um hostel/albergue muito aconchegante, limpo e um ótimo café da manhã.  Além de ter um open bar, bem agradável para quem quiser aproveitar e conhecer pessoas de outros países.


Logo que chegamos, nos hospedamos e partimos para fazer uma refeição quentinha. Encapotados com casacos, gorros e luvas saímos para o frio.  Foi muito divertido ver os carros cheios de neve e pegar um pouquinho com as mãos só de onda. Fomos parar num pub bem agradável e quentinho perto do hotel. Tomamos uma sopinha, um vinhozinho e ficamos conversando aproveitando o lugar. Voltamos para o hostel e aproveitamos mais um pouco o lounge. 






No dia seguinte, já tínhamos agendado o passeio para o Palácio de Schönbrunn, conhecido como o palácio de Versalhes de Viena.



Nevava na hora em que nós chegamos lá.  Fazia muito frio, e o que podia ser um belo passeio pelo imenso jardim tornou-se um suplício. Qualquer tentativa de tirar as luvas para fazer fotos era desesperador. Várias vezes senti meu rosto e mãos dormentes. Mas, turista é turista, e mesmo como um frio insuportável, fizemos o passeio pelo jardim para fotografar. 


Apesar do frio, o jardim do
palácio estava cheio, as belíssimas peças em mármore e o jardim bem cuidado valeram o sofrimento.




Do lado de dentro, além de bem mais quentinho, o passeio pelas imensas salas, com várias obras de artes valeram o passeio. Claro, que não chega aos pés do Versalhes, mas é muito belo também.  




E, para finalizar, não podíamos deixar de comer um  Apfelstrudel (ou strudel em alemão) e tomar um café expresso divinos e se deliciar com os outros doces maravilhosos. Afinal, estávamos na Áustria, a terra do strudel.


Em seguida fomos conhecer o Palácio Belvedere, uma arquitetura barroca belíssima com um jardim deslumbrante.  Escolhemos conhecê-lo principalmente, pela famosa pintura do Gustav Klimt, O Beijo. 



Há no palácio salões lindos e diversas outras obras de artes de pintores famosos.  Não é um museu muito grande, por isso é rápido conhecê-lo.









A lojinha também é muito boa, com várias opções 
de lembranças de viagem. Canetas e lápis não faltaram para minha coleção.  Ganhei uma bela camiseta com a pintura famosa de Klimt.

À noite fomos ao concerto na Casa de Mozart.  Um prédio simples, mas uma salinha toda decorada com uma bela pintura. A sala por ser pequena requer que se compre os ingressos com antecedência.  Compramos pela internet, aqui mesmo no Brasil.




A emoção do concerto, da música e de estar na casa onde tocou o mais influente compositor austríaco, nos deixou encantados.  Nos deixou com gostinho de querer conhecer muito mais dessa linda cidade, que parece transpirar música.  Ainda conhecemos um dos músicos, brasileiro de Goiânia, que sonhou aos 13 anos, ir para Áustria estudar música e que hoje toca na sala em que Mozart tocou.



Fomos também recebidos por um
brasileiro, residente em Viena há mais de trinta anos. Ao sairmos de lá ainda demos de cara com a belíssima Catedral de São Estevão e ouvimos um ensaio de coral belíssimo. Foi uma noite encantadora.


O frio que sentimos - por não estarmos acostumados e devidamente preparados, porque não esperávamos essa temperatura em abril - não nos tirou a alegria de ter conhecido Viena.  Fizemos o passeio de ônibus Hop-on Hop off, o que ajuda muito a conhecer o lugar quando o tempo é curto. E funciona muito bem, até mesmo para nos deixar nos pontos turísticos mais importantes e depois nos tirar de lá e levar para outro. 



No dia seguinte, partiríamos de ônibus para Praga!

DICA DE VIAGEM: Nunca fique apenas duas noites em uma cidade como Viena, com tantas opções de atrações turísticas. A não ser que a cidade seja só de passagem, duas noites não dão para fazer quase nada.

domingo, 22 de abril de 2018

Beleza, história, idioma difícil, Florins, neve: BUDAPESTE

Chegamos!  Já no aeroporto fomos nos aclimatando, literalmente, com o frio, com o dinheiro (logo no aeroporto fizemos nosso câmbio), com o idioma e com a comida.  Já saímos de lá ricos em Florins. Nossa estadia em Buda seria de 4 dias e 3 noites no Hotel Hungira City Center. Um hotel justo no preço, na localização e conforto.  Para quem não queria luxo e economizar, foi perfeito.


Já era tardezinha quando chegamos em Budapeste, depois de nos hospedarmos, partimos para a rua, afinal não dá pra descantar em Florins, mesmo que a impressão é que estamos ricos com a quantidade de notas que ficamos.  Decidimos começar experimentando os pratos típicos da cidade, já que ainda não tínhamos almoçado.



Nossa aventura húngara começa no restaurante, com menu em húngaro (a língua "que até o Diabo respeita") e uma garçonete que falava mal o inglês  (não que o nosso fosse muito melhor).  Pra começar pedimos vinho tinto, veio branco, pedimos água  e eram tantas opções que foi mais difícil pedir água do que a comida. Pedimos um copo, veio outra taça de vinho branco. E quando já estávamos loucos com as confusões, vieram nossos pratos : pork e goulash soup, a comida mais húngara, que você respeita, bastante apimentada. No fim deu tudo certo e saímos satisfeitos de lá.


Jó reggelt! Bom dia!  No dia seguinte começou nossa maratona de turistas que só tem 3 dias e meio para conhecer uma cidade repleta de história e pontos turísticos, mas como já tínhamos um roteiro pré definido fomos em frente.  Das coisas que eu mais gosto em viagem é a culinária local, mesmo que às vezes pareça uma comida estranha ao nosso paladar brasileiro, ainda assim, gosto de pelo menos experimentar

Começamos com o café da manhã, bem pertinho do hotel. E, desta vez, fomos atendidos por um rapaz muito simpático e que falava inglês fluente.  O café completo era muito gostoso.  Estava um dia agradável, com sol e parecia que seria um excelente dia, o que realmente aconteceu.

Para esse dia, tínhamos definido conhecer o Parlamento Húngaro, cujo ingresso já havíamos comprado com antecedência, no Brasil. Depois teríamos um roteiro mais livre para caminhar pelo centro histórico. Aproveitamos para conhecer todo o entorno do parlamento, a Praça Kossuth Lajos (Kossuth tér) e a margem do Rio Danúbio com sua Ponte das Correntes e aproveitar para tirar muitas fotos. Nesse mesmo dia conhecemos o memorial "Sapatos às Margens do Danúbio", uma homenagem aos judeus mortos à tiro pelos nazistas, nas margens do rio em 1944/45. Falarei mais do sentimento desse e de outros memoriais aos judeus, em outra postagem. Foi um dia muito proveitoso, fizemos muitas coisas.  Chegamos mortos com farofa de volta ao hotel.

O nosso último dia completo em Buda foi de sofrência.  Temperatura em torno de 10 graus, com vento e frio. Graças à Deus não choveu, mas o frio foi suficiente para congelar mãos, pés e pensamentos. Houve trocas de casacos, muitos cafés e procura por lugar fechado e quentinho.  Bia, minha amiga, havia me emprestado uma espécie de poncho bem aconchegante para eu levar pra viagem, que chamei de morcegão. Vesti o morcegão e cedi o meu casacão para a companheira de viagem não virar pinguim 


Foi o dia para conhecer o Castelo de Buda, o castelo dos reis húngaros em Budapeste, também conhecido como Palácio Real. Dá pra passar um dia visitando o castelo, os museus e as lojinhas em torno.  Além de poder tirar belas fotos lá de cima.  Uma pena o dia não ter estado tão ensolarado.  O acesso ao castelo, depois de passar pela Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchid) é à pé, ou pelo funicular Budavári, um passeio em si, já charmosinho. 




Na nossa última manhã em Buda, uma surpresa apavorante, mas ao mesmo tempo encantadora, nevou!! Nevou em plena primavera.  Eu, que odeio frio, mas nunca tinha visto nevar, fiquei igual criança, encantada, dando pulos de alegria e felicidade.  E pânico também.  




Da nossa janela do hotel vimos os floquinhos de neve caindo e  quando descemos para pegar o táxi e partir para Viena, fomos mergulhados no gelo que fazia lá fora.



Budapeste tem os seus encantamentos.  Cidade que nunca imaginei conhecer tem uma história linda e recente de superação depois de passar por tantas guerras e destruição. É uma cidade que aos poucos se ergue; dá pra sentir nos guias turísticos o interesse e a alegria de contar suas histórias de luta. Embora pareça decadente (pra quem está acostumado com prédios luxuosos de grandes cidades), a cidade tem monumentos muito bonitos.


O mercado principal é atrativo com os bordados húngaros, inúmeras lembrancinhas e comida local para se experimentar. Paramos lá pra comer e descansar.



Nos surpreendemos um pouco com o atendimento em alguns serviços, o povo era um tanto impaciente (em um bar, o garçom arrancou o menu das nossas mãos porque demoramos para escolher). Nem sempre o menu tinha tradução para o inglês, e húngaro não é uma idioma fácil.  Mas, o sotaque húngaro é bonito, o som forte me agradou. Tem o também o charme dos bondinhos. 

Para os sensíveis com pimenta, foi preciso tomar cuidado, afinal eles são os reis da páprica (presente em tudo quanto é prato, até num inocente macarrão). Foi difícil fazer conta em Florim, eram muitos zeros para a nossa matemática.  Tenho certeza que fomos passados à perna por algum taxista. Embora, não seja uma cidade que gostaria de voltar, valeu à pena conhecer!

MICO DE VIAGEM: Perto do hotel onde nos hospedamos fica o New York Café, considerado o café mais luxuoso e bonito do mundo. Chiquerésimo, sempre víamos carros luxuosos e pessoas muito arrumadas descendo na porta para jantar ou simplesmente tomar um café.  Decidíamos que íamos lá.  Um dia, voltamos mais cedo do passeio, de mochilas, um monte de casaco (carioca passando frio na Europa), nada combinando com nada, verdadeiros mochileiros.  Decidimos ir direto, porque a probabilidade de irmos depois de passar no hotel era remota, devido o cansaço das caminhadas. Quando entramos já fomos olhados da cabeça aos pés, numa indagação, "o que vocês estão fazendo aqui?". Fomos informados de que não havia mesa e nos deixaram esperando por uma, por vários minutos. Desconfiados de que eles não estavam se esforçando, decidimos dar uma olhada no menu. Foi um choque de realidade :). Era quase irreal o preço de um cafezinho com uma torta, mas até tomaríamos pra guardar nas memórias o café mais caro do mundo. Mas, devido o preconceito com nossas roupas (suponho), olhamos para um lado, para o outro e decidimos cair fora, já que até então, não tinham voltado para nos atender. Saímos rindo de lá, e fomos procurar um lugar mais baratinho. Não, não tenho fotos do café mais chique do mundo!



quarta-feira, 18 de abril de 2018

ORGANIZANDO ROTEIROS E ARRUMANDO AS MALAS

Um ano!
Um ano fez que eu fiz um roteiro que incluía as cidades de  Budapeste, Viena, Praga, Dresden, Berlim, Amsterdan e Haia, em apenas 22 dias! Por que a demora em escrever minhas aventuras imediatamente após o término, ou mesmo durante a viagem? Sabe-se lá.  Falta de tempo, preguiça, procrastinação.  A verdade é que eu dizia que ia fazer isso todo dia e esse dia nunca chegava.  E agora, que o Facebook me coloca a cada dia as lembranças desses dias, resolvi escrever as aventuras (talvez perca alguma coisa) que vivemos (eu e mais dois amigos) nesses países! Consideremos como uma retrospectiva.  Voilà!

Bom, por que esses países?  Por suas histórias (para cientistas sociais que somos, conhecer países que foram palcos de tantos acontecimentos históricos é mágico!), por suas belezas e por suas proximidades um com outros.  Em pouco tempo era possível chegar a cada cidade diferente. E, também, porque conhecíamos pessoas que já haviam feito esse roteiro e gostaram muito.  Era muito recomendado.

Embarcaríamos nessa aventura, eu, Beto (meu companheiro de viagem para NYC) e uma colega sua de trabalho. Primeira vez que viajávamos juntos os três.

Eu fiquei responsável pelo roteiro e pelas atividades (transferências de uma cidade pra outra, passeios, museus, espetáculos, comidas), tudo de interessante que coubesse no nosso tempo.  Decidir quanto tempo ficar em cada cidade, escolher o que ver e fazer num leque de tantas opções, e o mais difícil de tudo, escolher onde se hospedar não foram tarefas fáceis.  Mas, todo esse processo já é parte da viagem, e já nos fez sentir em cada lugar.

Comecei fazendo uma espécie de planilha contendo cada cidade, quando e como chegaríamos nela, onde ficaríamos e o que faríamos, como uma maneira de nos orientar.  Além disso, a escolha da forma que viajaríamos de uma cidade pra outra se deu muito em razão do tempo que tínhamos pra ficar em cada lugar.  Então, para escolher entre um trem e um ônibus foi considerado o custo-benefício valor e tempo.  Às vezes, a diferença de valor entre eles compensava o tempo que cada um daria e vice-versa.  A compra dos bilhetes dos trens e ônibus comprados já aqui e com antecedência, fez com que pagássemos mais barato.

A hospedagem, como sempre, foi a mais difícil de escolher.  Viajaríamos de cidade em cidade puxando mala (falarei disso depois) e querendo ser o mais econômico possível.  Por isso, muitas vezes, pagamos um pouquinho mais pra ficar mais perto do Centro ou dos lugares mais interessantes de cada cidade.

A pesquisa em sites e blogs de viagens, as diversas experiências, as dicas e alguns roteiros já prontos ajudaram muito a montar os nossos próprios roteiros, escolher as atividades e ter uma ideia de quanto levar para gastar.

Decididos os lugares, a única ajuda de fora que tivemos foi da Thaise (riobrastur.com.br), que nos ajudou a encontrar passagens de avião mais baratas, melhores companhias e melhores horários.  Sempre muito gentil e paciente, conseguindo o melhor preço começando em Budapeste e voltando por Amsterdam.

Os sites de buscas de hospedagens mais baratas também funcionaram muito bem.  É sempre um risco muito grande escolher hoteis/hostels de lugares tão distantes e desconhecidos.  Mas, com algumas exceções, deu tudo certo. O Booking.com, ainda oferece os roteirinhos com os principais pontos turísticos de cada cidade que vamos nos hospedar.


Outro item que não pode ser esquecido para quem não gosta de frio como eu, é escolher o melhor período para viajar para a Europa.  Decidimos ir no que seria inicio da primavera lá, além do mais queríamos muito aproveitar pra ir ver as tulipas na Holanda (geralmente entre abril e maio). Olhando sempre, com muita antecedência, o site de clima e temperatura de cada lugar, pudemos ver que ainda íamos pegar bastante frio pelo caminho.  Por isso, providenciamos, segunda pele, roupa térmica, meias, casacos, gorros, luvas e echarpes.  Mas, nada nos preparou para tanto frio.

Quanto às atividades, escolhemos pelo menos duas atividades em cada cidade, com data e ticket já comprado, aqui mesmo no Brasil para visitar museu, ver um espetáculo ou visitar um outro lugar dentro da própria cidade, como o Keukenhof (o jardim das tulipas) na Holanda, um concerto naCasa de Mozart, em Viena e o Castelo de Buda, em Budapeste.

P.S. Viajamos no dia 15 de abril de 2017, e começamos a planejar nossa viagem no inicio de fevereiro. Fomos rápidos!  Malas prontas, passaporte, dinheiro e câmera fotográfica, partimos!

Começaremos por Budapeste, venha conosco!!
Dicas, pode perguntar, quem sabe ajudamos?






Imagem:https://livingingalway.files.wordpress.com/2011/05/mala_de_viagem_021.jpg

domingo, 2 de outubro de 2016

NOS ARQUIVOS DA MEMÓRIA


Fui instruída a abrir a caixa de Pandora das minhas lembranças da infância e da adolescência.  De repente me dei conta de que eu havia me esquecido de grande parte do que eu fui ou era nesses períodos.  Não porque já faça um tempo que esse período aconteceu, afinal tem gente que lembra de coisas da infância como se fosse hoje. Mas, porque, por algum motivo ficou tudo lá, em algum lugar da memória que não queria ser acessado novamente.  No entanto, o nosso ser não é uma máquina, um computador, onde tudo pode ser armazenado ou jogado na lixeira do esquecimento. Somos feitos de presente e passado e, é esse passado, que inevitavelmente nos visitará no futuro, quer lembremos dele ou não.

Pois bem, por algum motivo (ainda estou no processo de descobrir) o período da minha infância ficou obscurecido (talvez esse período demore um pouco mais para ser redescoberto), e o da minha adolescência estava lá, meio nublada pelas muitas lembranças ruins e poucas boas.  Pelo menos, era como eu me sentia.

A adolescência por ser um período de transição, sempre é a mais complicada para ser vivida.  Você não é mais criança, mas também não é ainda um adulto, está no limbo, na iminência de ser salvo ou não por suas decisões para o futuro.  Acabou a fase das brincadeiras sem consequências, dos olhares furtivos para os coleguinhas, das brincadeiras da hora do recreio, dos meses intermináveis de férias (para quem é filho/a único/a sabe o quanto três meses de férias era tedioso). Ainda que não saibamos nem sequer o que somos, temos que decidir o que seremos. Somados a isso, quando a convivência com os colegas de escola não é das melhores, tudo fica mais difícil, e ainda somado a isso, em plena adolescência você têm um problema de saúde que te incapacita de viver muitas das emoções desse período (festas, viagens, paqueras, etc).  Portanto, por que relembrar de momentos tão ruins? Melhor deixar tudo lá, tudo guardadinho no arquivo nominado “esquecer”.

Mas, o futuro, seja o momento que for, nos cobra essas lembranças, em algum momento o compartilhamento do nosso cérebro dá problema e é preciso ir lá no arquivo das lembranças e abrir a pasta do “esquecer” e tentar resgatar o que ainda vale e jogar na lixeira o que realmente não vale mais guardar, para que o nosso “velho” e cansado cérebro volte a funcionar mais leve.
E eu fui lá, meio tensa e meio preguiçosa, meio com medo, meio saudosa, afinal já tem um bocado de tempo que essas coisas estão guardadas. E qual não foi minha surpresa, eu achei coisas boas, muito boas.  E parece que, já naquele tempo, eu sabia perfeitamente o que devia ser guardado. 

Nossa, e tinha muitas coisas boas guardadas, diários (quantas confissões que eu nem lembrava que tinha feito à um caderno), tinha tercinho, como recordação de primeira comunhão.  É, eu fiz primeira comunhão! Tinha álbuns de figurinhas.  Havia também muitos bilhetinhos confidentes de amigas que estavam enamoradas por algum coleguinha, bilhetes de felicitações por um bom futuro fora da escola. Cartas, muitas cartas, de pessoas muitas especiais e que a distancia física não nos afastou espiritualmente.  Estão todos lá, Gil, Flavia, Renata, Ana Cristina, Melissa, Paula Cristina, Adriano, Chamon, Luciane e tantos outros que nem no nosso plano terreno já não estão.

Percebi, então, que eu guardei pessoas, colegas que hoje são amigos, outros que ainda estão no meu convívio e guardo profundo carinho. Eu guardei lembranças, que se foram esquecidas pelo meu cérebro tão ocupado pelas preocupações do dia-a-dia, deixaram suas marcas escritas em folhas de papel, em fotos, em mensagens que o tempo começa a apagar, mas que eu tive tempo ainda de reler, de rever, de me transportar para um tempo distante, que teve momentos ruins, mas que também teve momentos muitos bons, e que eu só tinha esquecido. 

E está tudo lá, dentro de uma caixinha de madeira (e também na caixinha feita de neurônios, de artérias, de sangue, de pulsações, de emoções), guardadinhas, protegidas, mas também disponíveis para acessar sempre que necessário.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O FILHO DO PORTEIRO CAÇA POKÉMON

Eu saía do consultório de um edifício comercial, quando um garotinho colocara a cabeça de fora de uma porta, perguntando ao pai se ele já podia "caçar" pokémon.  Era umas sete horas da noite e o pai estava na portaria.  Eu sorri pelo jeito como ele perguntou, aquele jeitinho que pergunta, "posso agora pai, posso?".  Provavelmente apelando para o afrouxamento do controle do pai, e sorria porque aquele menininho também participava da nova mania nacional, que era o novo jogo. Por ser online, era necessário que aquele menino, filho do porteiro tivesse um smartphone com internet e com uma boa capacidade de desenvolvimento, o que gerava um investimento financeiro alto.  Sim, aquele menino era mais um dentre tantas crianças, que hoje, podiam compartilhar dos mesmos bens que há algum tempo atrás não era possível para famílias que tinham como profissão trabalhos, em portaria de prédios, domésticos, de faxinas e outros.  

Eu me lembrei de quando era criança e morava com minha mãe na casa em que ela era doméstica. Eu cresci com os netos de sua patroa e, portanto, os únicos brinquedos "maneiros" que eu brincava eram os deles. A tecnologia da internet ainda não era acessível para nós no Brasil, nem para os ricos, muito menos para os pobres.  Os brinquedos da moda eram aqueles eletrônicos e alguns de computadores ainda bem rudimentares, mas que para a época eram uns fenômenos.  Quem não lembra do Atari ou Master Syster? E os joguinhos Aquaplay e Genius?  Além das bonecas Bate-Palminha e Tchibum, que nadava?  Todos da empresa Estrela, e todos muito caros.  Eu não tinha nenhum dele, apenas brincava emprestado. A minha mãe não tinha salário suficiente para que pudesse me dar qualquer um daqueles brinquedos.

É claro, que ainda há muitas crianças sem acesso à brinquedos da moda ou da tecnologia dos pokémons do momento, mas o que as estatísticas têm mostrado é que isso vem mudando bastante nas últimas décadas com o aumento do poder aquisitivo das classes de rendas mais baixas. 

Na última pesquisa em que trabalhei, PeNSE 2015,  verificamos que quase 90% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas declararam possuir celular, e mais de 80% tinha acesso à internet de alguma maneira. Ou seja, a galera está conectada com a modernidade. 

E, embora haja muitas críticas quanto ao uso demasiado das redes e jogos eletrônicos, eu fico muito feliz em ver esse hiato entre as crianças com menos recursos econômicos e os mais favorecidas, bem menor que anos atrás.  E, dessa forma, podendo juntas, "caçar" pokémons.




Imagens:http://br.ign.com/pokemon-go/31518/news/pokemon-go-confira-o-visual-dos-151-monstrinhos
codigofonte.uol.com.br

domingo, 12 de junho de 2016

Consideremos justa toda forma de amor

Comercial, uma data comercial. O nosso dia dos namorados começou para ajudar uma loja em suas vendas no mês de junho, mês morto, por não ter nenhuma data comemorativa. Daí um empresário resolveu escolher o dia 12 de junho, um dia antes do dia de Santo Antonio, o santo casamenteiro.  Com a frase "não é só com beijos que se prova o amor" a loja alavancou suas vendas e transformou a data em dia de trocar presentes entre os namorados a partir de 1948.

Mas a data teve dia mais glamouroso, e data do século III, quando o imperador Claudio II decidiu que, para que seus soldados fossem mais dedicados às batalhas, não se casassem. Porém, o padre Valentim decidiu se opor à decisão e casava clandestinamente os amantes desejosos de enlaces matrimoniais.  É claro que isso não agradou ao imperador, e o santo padre casamenteiro foi parar  na prisão.  Durante o tempo que ficou preso conheceu a filha do carcereiro por quem se apaixonou perdidamente.  Antes de ir para a forca deixou um bilhete de despedida para a amada onde se lia "Adeus, do seu Valentim", tornando-se o primeiro cartão do dia dos namorados.  Mais tarde, o dia do Santo tornou-se o dia dos namorados em diversos países, na data de 14 de fevereiro.

No entanto, o dia de São Valentim teve suas comemorações ligadas à condutas mais rebeldes no que diz respeito aos valores rígidos das relações amorosas impostas pela Igreja Católica na era medieval. Nas festividades do dia do Santo, as mulheres casadas reconquistavam as liberdades de quando eram solteiras, e paqueravam quem quisessem, podendo cometer adultérios com o consentimento dos próprios maridos.  Era uma conduta para desafiar a tão sagrada fidelidade promovida pela igreja católica.

O mundo mudou muito dezoito séculos depois.  E as relações amorosas embora tenham mudado, ainda há pessoas que se apaixonam, têm casos amorosos, "ficam, namoram, casam e ...traem.  Muitos casais encontram a forma mais adequada para se relacionarem, forma mais liberais, mais abertas, mais leves.  Outras formas de amar vão tentando ganhar seu espaço, ainda que com tantas batalhas. E cada um vai tendo o seu direito de amar como quiser. Nenhuma lei, nenhum dogma deveriam estar acima de um amor verdadeiro. 

Hoje foi um dia triste para a humanidade. Enquanto no Brasil festejamos o dia dos namorados, cinquenta pessoas foram assassinadas nos EUA porque suas formas de amar não correspondiam aos padrões impostos pela sociedade. 

Bom seria que as pessoas pudessem se amar livres de amarras, livres de preconceitos, longe da violência.  Que bom seria que as pessoas pudessem sair por aí, de mãos dadas, se amando, sem medo, sem dor.













http://www2.uol.com.br/historiaviva/noticias/as_origens_historicas_do_dia_dos_namorados.html
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/policia-diz-que-ataque-em-boate-nos-eua-deixou-50-mortos.html




terça-feira, 7 de junho de 2016

VOCÊ ACREDITA EM MILAGRE?

Nessa semana peguei um táxi e o motorista perguntou o porque de eu usar uma bangala. Comentei por alto que eu tinha artrite e que estava com um sério comprometimento nas articulações do pé e, se eu não fizesse uma cirurgia para a colocação de uma prótese, eu não poderia parar de usar o apoio, que tinha como objetivo tirar o peso dos tornozelos.

Surpreso em saber que eu tinha artrite tão nova (assim ele achava rsrs), em seguida me perguntou se eu acreditava em milagres.  Já sabendo o que vinha em seguida (muitos já me fizeram essa pergunta), disse que sim, disse que acreditava.  Então, ele disse-me que pertencia à Universal (IURD) e que lá muitos milagres eram feitos.  

Contei a ele que eu também era evangélica, que era Batista, e que portanto, sim, acreditava em milagre, MAS, que não buscava milagres "espetaculosos", daqueles que paralíticos saíam andando, cegos voltavam a ver e etc; que acreditava que não era mais necessário que Deus se manifestasse assim o tempo todo, como nos tempos de Jesus; que hoje um milagre podia acontecer de diversas formas e, uma delas, era na capacitação de um profissional que fosse capaz de produzir uma prótese, que fosse capaz de substituir um membro; estava na capacidade de através da inteligência humana, se produzir soluções capazes de curar doenças, sanar dores, etc.  Portanto, eu acreditava que Deus já havia realizado muitos milagres na minha vida me dando todos os meios e pessoas capacitadas para tratar da minha artrite.  Que eu podia sentir o cuidado de Deus em todos os momentos da minha vida. 

O motorista não gostou nada do meu discurso, e ainda bem que o percusso até em casa era pequeno, porque ele ficou muito chateado. Disse que eu, então, não acreditava em milagre, e portanto, precisava conhecer Deus melhor, e por aí foi até a hora eu desci do táxi.

Mas, então, o que é milagre? Segundo os dicionários "Entende-se por milagre a ação, o fato ou acontecimento que é impossível de explicar-se segundo as ciências naturais";"Fato que se atribui a uma causa sobrenatural". Mas, também pode ser um "fato que, pela raridade, causa grande admiração" (Michaelis)

Poderia ter Jesus realizado muito mais milagres do que realizou no período em que esteve aqui? Se sim, por que não o fez? 

Porque, segundo alguns estudiosos da Bíblia dizem, o milagre não era o mais importante na pregação de Jesus. Naquele momento ele precisava mostrar o seu poder sim, mas o mais importante era chamar o povo ao arrependimento do pecado e à obediência à Deus Pai, que se reconhecesse Deus como Pai, Amigo, Consolador e não apenas por seus milagres.

Pode Deus, nos dias de hoje, realizar milagres como realizou através de Jesus? Sim, eu como cristã creio que sim, mas hoje temos as Escrituras para nos dizer do poder de Deus e dos milagres de Jesus, e um milagre  naqueles moldes não se faz mais tão necessário.  É preciso fé (firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem. Hebreus 11.1) para seguir, para acreditar que é possível viver sem aguardar por um milagre espetacular o tempo todo. E eu tenho fé de que participo de pequenos milagres todos os dias.