sexta-feira, 9 de março de 2012

TURMA DA MÔNICA - Politicamente correta?


Eu cresci lendo gibis, principalmente a Turma da Mônica!  A minha coleção era imensa e eu adorava aquela turminha.  O vestido vermelho e pés descalços da Mônica; os cinco fios e espetados cabelos do Cebolinha e, claro, a tloca do "r" pelo "l".  O que dizer da Magali, sempre faminta e com um pedaço de melancia.  Eu até fui muitas vezes chamada de Magali, por gostar tanto da fruta.  A aversão do Cascão por água e por banho rendeu tirinhas hilárias, principalmente quando ele corria de algum temporal.  E, o Chico Bento?  Com o sotaque caipirês, sempre procurando por uma onça?  Quem leu essa turminha, nunca esquece!

Bem, nessa semana fui comprar umas revistas e dei de cara com uma coleção histórica da turminha.  É uma série de volumes (com uma caixinha pra guardar), com cinco gibis (Monica, Cebolinha, Cascão, Magali e Chico Bento) com historias antigas.  Não resisti e um comprei a caixinha, que já está no número 27.  

Há algum tempo comprei uma revista da Mônica, mas nao atentei muito para as diferenças nos gibis atuais.  Quando peguei a primeira revista dessa coleção, a da Mônica, a única coisa que reparei foram os traços dos personagens.  Os de hoje são mais arrendondados, mais bonitinhos, digamos!  Mas, após a primeira história, um adendo foi colocado.  Duas páginas contavam a origem, o ano e o preço do gibi (em Cruzeiros) e, as mudanças necessárias em função do "politicamente correto".  Curioso é que, quando eu comecei a ler a historinha, imediatamente me atentei para isso.  Pois, querendo ou não, há no comportamento da turminha algumas atitudes que não ficariam nada bem hoje em dia.

E, foi curioso ler, em cada gibi da coleção o que cada personagem teve que mudar para se adequar às novas políticas contra qualquer discriminação ou ter uma postura correta em relação ao meio ambiente.  Eu não sei como isso está sendo feito, pois não tenho lido os gibis atuais e, como fiquei curiosa, em breve vou comprar algumas pra ver.

Eis algumas curiosas mudanças:  A Mõnica não dá mais coelhadas no Cebolinha?  Lendo sobre o assunto em outros blogs, fiquei sabendo que a Monica foi acusadade bullying, além de agredir os amiguinhos!  Tudo bem, ela podia pegar mais leve, mas sem as coelhadas, tem graça?

O Cascão, pelo que entendi, continua sem tomar banho, mas não deseja mais o fim de toda água do planeta (afinal a escassez de água é razão de preocupação mundial) e nem tem mais como herói o Capitão feio, o vilão que queria sujar e poluir a Terra!  Tudo bem, podemos passar sem isso.  Mas, o Cascão limpinho, não rola!

O Chico Bento, não mata mais as onças, ao contrário as protege e cuida do meio ambiente. Ótimo, faz todo sentido.  Gostei também de saber que o Mingau (gatinho da Magali) não anda mais nas ruas; caseiro, come patê de atum, ração e dorme numa confortável almofada.

Quanto a  Magali?  Tadinha, está sendo acusada de obsessão por comida, e o que é pior, sem engordar. Continua magrinha, magrinha (bulimia?) Ou seja, estimula as crianças a comerem sem parar, sem a preocupação de engordar.  Sem querer, está criando obesos.  Não sei como a Magali resolveu esse problema.  Mas, ela ainda gosta de melancia?

E o Cebolinha?  Parece ser o único que passou incólume.  Apenas como vítima da Mônica, deve estar levando menos coelhadas agora.  Mas, será que ninguém se importou com ele continuar falando "elado".  Isso não é prejudicial para as crianças que estão em fase de alfabetização? 

Atualizações são necessárias, sem dúvidas.  Mas, sem radicalismos!  Por que tudo que é radical perde a graça.  E, os gibis são para nos divertir, nos levar para outra dimensão, uma dimensão mais leve, bem mais leve.

quinta-feira, 8 de março de 2012

EU GOSTO DE SER MULHER!

Hoje comemora-se o DIA INTERNACIONAL DA MULHER.  Esse dia surgiu para que  todos, homens e mulheres, lembrassem de um triste, mas importante movimento que reivindicava melhores condições de trabalho e igualdade.  Aconteceu há 155 anos, em 8 de março de1857, quando operárias de uma fábrica de tecidos, situada em Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Elas ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. O resultado?  As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada, matando aproximadamente 130 tecelãs carbonizadas, num ato totalmente desumano.

De lá pra cá muitas coisas mudaram, a passos lentos, assim eu vejo.  Um século e meio depois, ainda há mulheres apanhando do marido, ganhando menos do que os homens, sendo despedida quando engravida, tendo que cuidar da casa, dos filhos (muitas vezes sozinhas) e ainda sofrendo toda sorte de preconceito.  Não há dúvida que conquistamos muitas coisas, tais como o direito de votar, de estudar, de termos filhos quando quiser, de escolher o marido, até mesmo o direito de não ter nenhum marido!  Mulheres já exercem carreiras, antes delegadas apenas aos homens.  Hoje já somos médicas, advogadas, juizas, engenheiras, executivas e ja chegamos até à Presidencia da República.  Coisa impensável até poucas décadas atrás.

Mas, ainda há muitos preconceitos e violência contra a mulher.  Mulheres são acusadas de más motoristas, mesmo quando o maior número de acidentes automobilisticos é causado por motoristas homens; mulheres não podem paquerar ou ser a primeira a investir num relacionamento sob o risco de serem taxadas de fáceis ou oferecidas.  Geralmente, são as mulheres as culpadas do fim de um casamento;  dependendo de como estão vestidas, as mulheres ainda podem ser culpadas de promoverem seus próprios estupros! Há ainda muitas coisas para conquistar!!

Graças a Deus eu nasci nesse tempo.  Reconheço e agradeço por tudo que as mulheres grevistas, lutadoras, reinvindicadoras fizeram por nós.  Se hoje temos direitos a muitas coisas que não tínhamos, foi graças àquelas que perderam suas vidas, suas juventudes, suas famílias para nos proporcioná-los.  

Uma frase que eu acho que combina bem com as mulheres de hoje, que continuam a lutar para conquistar suas vitórias diariamente é de um homem, mas de um homem revolucionário:
“Há que endurecer-se, mas sem jamais perder a ternura.” (Che Guevara).  Pois, as mulheres precisam ser duras, em casa, no trabalho, mas sem jamais perder aquilo que as diferencia: a ternura, o cuidado, a esperança.

Mas sonho mesmo, é com o dia em que não precisaremos mais de um dia para lembrar de nossos direitos, pois  seremos todos iguais.  E, essa data, será apenas pra lembrar que um dia tivemos direitos diferentes, que já não os temos mais!